O turismo é uma das principais forças motoras da economia portuguesa, representando uma parte significativa do PIB e do emprego. No entanto, o setor apresenta uma elevada sazonalidade, com forte concentração de atividade nos meses de verão e nas regiões costeiras. Esta característica cria dependências estruturais que tornam a economia nacional vulnerável a choques externos, como crises sanitárias, instabilidade geopolítica ou alterações climáticas.
A sazonalidade extrema provoca flutuações nos níveis de emprego, ocupação hoteleira e receitas locais. Em zonas como o Algarve ou a região de Lisboa, a pressão turística nos meses de pico leva ao aumento do custo de vida, à degradação ambiental e à sobrecarga dos serviços públicos. Por outro lado, no interior do país e em zonas de menor afluência, os benefícios do turismo são limitados ou inexistentes.
Políticas públicas voltadas para a diversificação regional e temporal do turismo têm sido discutidas, incluindo a promoção de eventos culturais fora da época alta, o incentivo ao turismo de natureza e o desenvolvimento de infraestruturas sustentáveis em áreas menos exploradas. A digitalização também permite promover Portugal junto de nichos específicos de mercado, como o turismo sénior, gastronómico ou científico, durante todo o ano.
A aposta num modelo turístico mais equilibrado e resiliente poderá reduzir os riscos associados à dependência sazonal e gerar benefícios económicos mais amplos e sustentáveis. Para isso, é necessário alinhar estratégias públicas com a iniciativa privada, investir em qualificação profissional e garantir que o turismo continue a ser uma alavanca de crescimento inclusivo e territorialmente coeso.