A produtividade em Portugal continua a crescer a um ritmo inferior à média europeia, sendo frequentemente apontada como um dos principais entraves ao desenvolvimento económico sustentável. Apesar disso, o debate público raramente relaciona de forma direta a produtividade com o sistema educativo, ignorando a sua influência na qualificação da força de trabalho e na capacidade de adaptação às novas exigências do mercado.
Durante décadas, Portugal fez progressos notáveis na escolaridade obrigatória e na redução do analfabetismo. No entanto, persistem lacunas no alinhamento entre as competências ensinadas e as necessidades do tecido empresarial. A desatualização curricular em algumas áreas e a fraca valorização do ensino técnico e profissional contribuem para um desajuste entre oferta e procura de qualificações.
A falta de investimento consistente na formação ao longo da vida e na reconversão de trabalhadores em setores em transformação é outro fator que limita a produtividade. Empresas que desejam inovar enfrentam dificuldades em encontrar profissionais com competências digitais, tecnológicas ou de gestão, mesmo entre os recém-formados. Este hiato formativo afeta a competitividade e reduz o valor acrescentado da economia.
Reforçar a ligação entre educação e economia exige uma reestruturação estratégica do ensino, maior proximidade entre escolas e empresas, e uma valorização real do ensino técnico-profissional. A longo prazo, investir na educação é investir na capacidade produtiva do país e no seu potencial de inovação e crescimento sustentável.